Exoneração em massa em Macau ainda repercute


Na última sexta-feira, 10 de outubro, a Prefeitura de Macau viveu uma reviravolta administrativa: todos os servidores em cargos comissionados foram exonerados de uma só vez, por meio de uma canetada da prefeita Flávia Veras. A medida pegou muitos de surpresa — inclusive antigos aliados — e gerou forte repercussão, especialmente nas redes sociais, onde as críticas começaram a pipocar.

O que chamou ainda mais a atenção da reportagem não foi apenas o volume das exonerações, mas o que veio depois: diversos ex-comissionados continuam frequentando seus antigos locais de trabalho — agora, sem receber salário. O esquema lembra práticas do passado, adotadas pelo ex-prefeito Flávio Veras, pai da atual gestora, que mantinha servidores "segurando a vaga", aguardando futura recontratação.

Em conversas reservadas com ex-servidores, a nossa reportagem constatou que o clima é de incerteza e revolta. Muitos afirmam estar sendo usados como “tampões” até que os cargos sejam redistribuídos politicamente. Segundo apuração, a nova estratégia da gestão municipal é entregar as vagas de confiança aos vereadores aliados. O próprio Flávio Veras teria prometido aos parlamentares que os próximos comissionados seriam, majoritariamente, indicações deles.

A mudança gerou desconforto entre aqueles que ocupavam cargos sem ligação direta com vereadores. “Quem não tinha padrinho político dificilmente vai voltar”, disse um ex-servidor que pediu anonimato. Nas redes sociais, alguns antigos aliados não esconderam o descontentamento com a forma abrupta como foram dispensados — e com a possível troca de critérios técnicos por acordos políticos.

A prática levanta questionamentos não apenas sobre a legalidade de manter pessoas trabalhando sem vínculo formal com a prefeitura, mas também sobre os critérios de ocupação de cargos públicos, que deveriam priorizar o interesse coletivo — e não acordos de bastidores.

Enquanto isso, os gabinetes se movimentam. Os vereadores aliados já estariam encaminhando suas listas de indicações. Resta saber como a população verá essa reorganização que, ao que tudo indica, privilegia os interesses políticos em detrimento da gestão pública transparente.

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