Patinetes Elétricos em Natal: Modernidade ou Bagunça Anunciada?

A chegada dos patinetes elétricos compartilhados em Natal prometia ser um avanço na mobilidade urbana, oferecendo uma alternativa sustentável, prática e acessível para deslocamentos curtos. Com 600 equipamentos distribuídos em pontos estratégicos como Midway Mall, Ponta Negra e avenidas movimentadas, o serviço entrou em operação no domingo (20), em caráter experimental, sob avaliação da STTU e Sepae.

No papel, tudo perfeito: GPS, limite de velocidade de 20 km/h, freios, faróis de LED, rastreamento em tempo real e regras claras de uso. Na prática, no entanto, os primeiros dias revelaram uma dura realidade: o Rio Grande do Norte não está pronto para esse tipo de serviço. Infelizmente.

Em menos de 48 horas, os patinetes já viraram protagonistas de situações inusitadas — e preocupantes. Equipamentos foram flagrados dentro de residências, sendo usados na areia da praia, empinados como motos em manobras perigosas e até transportados para motéis. Houve ainda acidente envolvendo dois motociclistas, patinete abandonado em cima de parada de ônibus e até tentativa de venda nas redes sociais por R$ 2.500, como se fosse bem particular.

A inovação, que deveria ser sinal de progresso, rapidamente se transformou em espetáculo de irresponsabilidade. O bom senso, que deveria vir antes da tecnologia, ficou em casa.

A empresa responsável, JET, afirma que banirá usuários que desrespeitarem as regras. A Prefeitura diz que está monitorando e que tudo ainda faz parte da fase de testes. Mas os flagrantes mostram que o problema vai além da fiscalização: é cultural.

Enquanto em outras capitais os patinetes são usados com consciência e propósito, aqui viraram brinquedo para uns, troféu para outros e risco para todos. Não se trata apenas de regulamentar — trata-se de educar.

Se o padrão continuar o mesmo, a pergunta não é se o serviço vai dar errado. É quando.

Porque, com todo respeito à modernidade, em Natal o patinete elétrico chegou antes da maturidade.

Postar um comentário

0 Comentários