Rodrigo Paz é eleito presidente na Bolívia com 54,49% dos votos e encerra era do MAS

Mais de 7,9 milhões de bolivianos foram às urnas neste domingo, 19 de outubro, em um dia marcado pela história: o país realizou, pela primeira vez, um segundo turno presidencial. A disputa consagrou Rodrigo Paz, do Partido Democrata Cristão (PDC), como o novo presidente da Bolívia, com 54,49% dos votos válidos, encerrando quase duas décadas de domínio do Movimento ao Socialismo (MAS), partido liderado por Evo Morales.

O segundo turno colocou frente a frente dois candidatos com projetos distintos para o futuro do país. Rodrigo Paz, representante de uma centro-direita moderada, enfrentou o ex-presidente Jorge “Tuto” Quiroga, da Aliança Liberdade e Democracia, nome forte do conservadorismo boliviano. Paz havia surpreendido ao liderar o primeiro turno, realizado em 17 de agosto, com 32,02% dos votos, contra 26,70% de Quiroga.

A vitória de Paz marca uma guinada importante na política boliviana. Desde 2006, o país vinha sendo governado pelo MAS, que implantou uma agenda fortemente voltada à esquerda, com ênfase em políticas sociais, nacionalizações e protagonismo indígena. A derrota do partido no primeiro turno já sinalizava o desejo da população por mudança, após anos de crise política e econômica que minaram a confiança em suas lideranças.

Rodrigo Paz, filho do histórico político Jaime Paz Zamora, ex-presidente da Bolívia, emerge como uma figura conciliadora em meio a um cenário de polarização. Sua campanha focou na reconstrução institucional, no crescimento econômico sustentável e na pacificação do país. A expressiva participação popular no segundo turno foi interpretada como um claro recado da sociedade: os bolivianos querem renovação, estabilidade e novos rumos.

A eleição de Paz representa não apenas uma mudança de governo, mas o início de uma nova era política na Bolívia. Caberá a ele conduzir uma transição democrática sensível, equilibrando expectativas de diferentes setores e enfrentando desafios complexos, como o combate à pobreza, a modernização da economia e a restauração da confiança nas instituições.

Com esse resultado, a Bolívia se afasta de um ciclo hegemônico e entra em uma fase inédita de experimentação política, sob a liderança de um governo eleito com base em um projeto de centro-direita — o primeiro em quase 20 anos. O desafio agora será transformar essa vitória eleitoral em governabilidade e progresso concreto para a população.

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