Depois de enfrentar vaias em suas últimas aparições públicas em cidades como Cruzeta, Caicó e Serra Negra do Norte, a governadora Fátima Bezerra (PT) teve uma recepção inusitadamente silenciosa neste fim de semana, durante a abertura do 21º Festival de Inverno de Cerro Corá. A ausência de manifestações — positivas ou negativas — chamou atenção e levantou questionamentos sobre o atual momento político da chefe do Executivo estadual.
Se antes as vaias indicavam um descontentamento ruidoso, agora o silêncio pode estar revelando algo ainda mais incômodo: a indiferença. Para analistas e observadores da cena política potiguar, o episódio pode sinalizar um esvaziamento da presença política de Fátima Bezerra. O que antes era confronto, hoje se torna distanciamento.
Essa mudança de comportamento do público pode ser interpretada como uma perda de centralidade da governadora no debate político. Em outras palavras, o desgaste da imagem de Fátima não está mais provocando reações inflamadas — está simplesmente deixando de provocar qualquer reação. O "vaia, o povo não quer mais" ganha um novo sentido: o povo talvez não queira mais nem vaiar.
Em contextos políticos, o silêncio pode ser tão eloquente quanto o barulho. Ele pode indicar apatia, descrença ou até a sensação de que o governante já não tem mais impacto sobre a realidade das pessoas. Em um ambiente onde a polarização e a emoção costumam dar o tom, ser ignorado pode ser o sinal mais evidente de que o capital político está se esgotando.
Resta saber se esse silêncio representa apenas um momento passageiro ou o prenúncio de uma mudança mais profunda na relação entre Fátima Bezerra e o eleitorado potiguar.
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