A cidade de Caicó, no Seridó potiguar, se prepara para viver mais uma edição dos tradicionais Festejos de Sant’Ana, padroeira do município e uma das celebrações religiosas e culturais mais importantes do Rio Grande do Norte. A festa terá início na noite desta quarta-feira, 16 de julho, e se estenderá até o dia 27, reunindo fiéis, turistas, filhos ausentes e, como já se tornou comum nos últimos anos, importantes lideranças políticas do estado.
Além da fé e das manifestações culturais, a Festa de Sant’Ana de Caicó é também um espaço simbólico de disputas políticas e articulações. Com as eleições de 2026 no horizonte, a presença de políticos nos festejos deste ano levanta um questionamento pertinente: será que o evento se tornará mais um palanque eleitoral disfarçado, como já ocorreu recentemente em outras celebrações populares no estado?
A referência mais próxima é a dos festejos juninos de Mossoró, que foram amplamente ocupados por figuras da política potiguar em clima de pré-campanha. O prefeito Allyson Bezerra, por exemplo, aproveitou os festejos da segunda maior cidade do RN para exibir força política, com uma agenda intensa de aparições ao lado de aliados e pré-candidatos. Um verdadeiro ensaio eleitoral rumo a 2026.
Situação semelhante foi vista no último final de semana durante o XVII Festival Gastronômico e Cultural de Martins, na serra potiguar. O evento, já consagrado como polo de cultura e turismo, tornou-se também um ponto de convergência de lideranças políticas. No sábado (11), o prefeito de Mossoró voltou a marcar presença, acompanhado de um grupo expressivo de prefeitos e autoridades da região Oeste, reforçando sua articulação política fora de sua base eleitoral. Estiveram com ele nomes como Raimundo Pezão (Umarizal), Arthur Targino (Messias Targino), Rosânia Teixeira (Serrinha dos Pintos), César Móveis (Martins) e outros, além do vereador natalense Robson Carvalho.
Em Caicó, o enredo pode se repetir. A Festa de Sant’Ana, com sua magnitude e tradição, atrai olhares que vão muito além do aspecto religioso. A expectativa é de que, mais uma vez, a celebração sirva como vitrine para nomes que desejam se consolidar como candidatos nas eleições estaduais e federais do próximo ano. O palanque da fé, da cultura e da tradição pode muito bem se tornar, como em Mossoró e Martins, um espaço de consolidação de alianças políticas e demonstração de força eleitoral.
Cabe, agora, ao público — e especialmente aos eleitores atentos — distinguir o que é devoção e o que é manobra eleitoral. Afinal, mesmo diante das articulações de bastidores, a Festa de Sant’Ana continua sendo, acima de tudo, um momento de fé, reencontro e celebração da identidade seridoense.
Por Edvan Barreto
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