Na manhã deste sábado, em meio ao movimento da tradicional feira livre de João Câmara, um grito silencioso de socorro ecoou entre as barracas e o burburinho dos feirantes. O apelo comovente veio de um rosto conhecido da cidade: o senhor Parrudo, um trabalhador e morador antigo que hoje enfrenta uma batalha solitária contra um problema grave de saúde.
Portando uma bolsa de drenagem urinária conectada a um cateter vesical — condição que impõe não só desconforto físico, mas atinge diretamente sua dignidade —, Parrudo fez um desabafo carregado de dor e decepção. O blogueiro local Jadson registrou o momento em que ele pediu ajuda, já sem forças para esperar por uma promessa que, segundo ele, foi feita pessoalmente pela então candidata Aize Bezerra durante a campanha eleitoral de 2024.
Conhecida como a “Prefeita da Mudança”, Aize venceu as eleições com um discurso voltado ao cuidado com a população e atenção especial à saúde pública. Mas, passados mais de seis meses de gestão, a promessa feita a Parrudo — de ajudá-lo a conseguir a cirurgia de próstata necessária — ainda não saiu do papel.
“Até quando vão ficar mentindo pra mim? Até quando vou viver assim, desse jeito?”, questionou Parrudo, emocionado.
O caso de Parrudo é simbólico. Representa não apenas o drama pessoal de um homem doente, mas escancara o abismo entre as palavras lançadas nos palanques e as ações (ou falta delas) no cotidiano da população. A prefeitura, até o momento, não se pronunciou oficialmente sobre a situação. Comentários feitos em grupos de WhatsApp e redes sociais, possivelmente oriundos da assessoria — ou da própria prefeita, segundo relatos —, circulam tentando minimizar o caso, mas sem apresentar soluções concretas.
O sofrimento de um cidadão não pode se limitar a likes e curtidas. Não se resolve dor com emoji de coração. A indignação da população cresce, alimentada pelo sentimento de abandono e pelo contraste entre a expectativa de mudança e a realidade da omissão.
É preciso que a prefeita Aize Bezerra honre seus compromissos. Que enxergue além das redes sociais e tenha a empatia de ouvir, de agir, de cumprir o que prometeu. Porque isso não é apenas uma questão política — é uma questão de humanidade.
Enquanto a gestão continua presa ao discurso da “mudança”, o povo segue pedindo apenas o básico: respeito, saúde e dignidade.
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