Minha avó costumava me dizer que "olho grande só vê visagem". Quando eu era mais jovem, não entendia muito bem o que ela queria dizer com isso, mas, ao longo dos anos, fui compreendendo. Ela falava de forma sábia, como quem já tinha vivido muito e visto de tudo. Para ela, o olhar excessivamente curioso, o desejo de enxergar o que está além daquilo que nossos olhos são capazes de alcançar, poderia nos levar a nos perdermos em ilusões.
O termo visagem é interessante. Ele remete à ideia de algo que não é real, uma aparição, uma visão vazia ou enganosa. E, com isso, minha avó nos alertava, de forma simples, mas profunda, sobre a armadilha de querer ver ou entender coisas que não estão no nosso alcance, ou que não nos pertencem. Talvez, ela estivesse falando sobre o perigo de viver em expectativas irreais, de buscar respostas em lugares onde não há nada a ser encontrado, ou até mesmo de desejar o que é proibido ou inatingível.
A lição aqui é clara: "não queira enxergar aquilo que seus olhos não alcançam", pois muitas vezes o que desejamos ver não existe de fato. Ao tentar forçar esse olhar, podemos nos perder em ilusões que nos distanciam do que realmente importa. A sabedoria da minha avó, como a de muitos mais velhos, era justamente essa: o equilíbrio entre curiosidade e contentamento, entre o que vemos e o que realmente precisamos entender. Talvez a verdadeira visão esteja em olhar com sabedoria para aquilo que está ao nosso alcance, e não para o que só alimenta nossa imaginação.
Quem sabe, ao praticarmos esse tipo de olhar mais cauteloso, nos poupamos de algumas das decepções da vida e conseguimos enxergar com mais clareza as verdadeiras oportunidades que nos rodeiam.
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