A crise política e administrativa de Porto do Mangue, cidade no interior do Rio Grande do Norte, tem se aprofundado desde a gestão do ex-prefeito Sael Melo. A população, que já enfrentava sérios problemas de gestão e falta de compromisso com os serviços essenciais, viu a situação piorar ainda mais ao longo dos anos. A falta de pagamentos, o atraso na folha salarial dos servidores, problemas graves na saúde pública e falhas em outros setores da administração municipal criaram um cenário de desgaste que culminou em um verdadeiro caos político.
O estopim dessa crise ocorreu durante a gestão de Sael Melo, quando o então vice-prefeito, Faustino, assumiu o cargo após o impeachment de Sael em 2023. A revolta popular foi palpável, e muitos portomanguenses se mobilizaram pedindo que Faustino permanecesse na prefeitura. Contudo, mesmo com o apoio popular, o retorno de Sael ao poder, após uma decisão judicial, trouxe uma série de novos problemas. O pior cenário parecia estar se desenhando, mas a eleição de Faustino como prefeito em 2024 parecia ser a esperança de resolver os problemas administrativos que afligiam a cidade.
No entanto, o que se observou foi um agravamento da situação. Recentemente, a Justiça trouxe à tona informações preocupantes sobre a situação financeira da prefeitura. De acordo com dados oficiais, a Prefeitura de Porto do Mangue deixou de pagar a dívida com a Caixa Econômica Federal durante seis meses consecutivos, entre dezembro de 2022 e maio de 2023. Essa dívida foi gerada em grande parte durante o período em que Faustino esteve à frente da gestão municipal, o que desmonta o discurso de que os problemas financeiros seriam exclusivos das administrações anteriores.
Ainda que a dívida tenha sido reconhecida, as decisões da administração municipal não indicam um esforço para reverter a crise. Os gastos com questões não emergenciais, somaram cifras vultosas, como meio milhão de reais, sem que a população sentisse os benefícios diretos desses serviços. Ao mesmo tempo, áreas essenciais como a saúde, educação e abastecimento de água continuaram a viver um colapso. A falta d'água em comunidades como o Logradouro, a desvalorização dos profissionais de saúde e os salários atrasados são apenas alguns dos reflexos dessa gestão desordenada.
Outro ponto que gera grande indignação é o aumento nos custos do contrato de coleta de lixo, que não teve sua redução proporcional, mesmo com a substituição do caminhão compactador por uma caçamba. Esse tipo de gasto sem critério se somou aos investimentos questionáveis em outras áreas, enquanto a cidade e a população enfrentavam dificuldades crescentes.
A educação foi outro setor gravemente afetado. O município encerrou o ano letivo sem garantir reconhecimento ou qualquer tipo de reparação às escolas e aos estudantes, o que agravou ainda mais a percepção de abandono. Com todos esses fatores somados, Porto do Mangue parece estar vivendo uma verdadeira "crise sem fim", onde as promessas de melhorias são constantemente frustradas pela falta de gestão eficiente e pela escolha de prioridades erradas.
A cidade, que já enfrentava problemas sérios, continua à deriva em meio a uma crise política e administrativa sem solução à vista. O que era para ser uma esperança com a eleição de Faustino parece ter se transformado em mais uma frustração para o povo de Porto do Mangue, que clama por mudanças reais e urgentes na gestão municipal.
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