Tremor de Terra em Currais Novos: Causas e Esclarecimentos


Na última segunda-feira (07/07), um tremor de terra foi registrado no município de Currais Novos, localizado na região Seridó do Rio Grande do Norte. O evento sísmico, ocorrido às 15 horas, teve uma magnitude preliminar de 1.8 na escala Richter, conforme dados divulgados pelo Laboratório Sismológico da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (LabSis/UFRN). A informação gerou um grande alvoroço na região, com moradores relatando rachaduras em paredes de residências e demonstrando preocupação com possíveis danos maiores.

Contudo, após investigações mais detalhadas, foi esclarecido que o suposto tremor de terra não foi um abalo sísmico natural, mas sim uma detonação controlada realizada por uma mineradora que opera na área. A confirmação foi dada pelo geofísico Eduardo Menezes, do LabSis, em entrevista ao Sistema Rural de Comunicação. Ele explicou que estava na estação de monitoramento localizada nas proximidades da mina durante a detonação e sentiu a vibração do solo. O especialista descreveu o evento como um "desmanche de carga para retirada de material", ressaltando que a vibração gerada pelas detonações é frequentemente registrada pelos equipamentos de monitoramento, e em algumas situações, pode ser sentida por moradores próximos.

Eduardo Menezes fez questão de enfatizar que a vibração gerada pelas detonações é comum em regiões com atividades mineradoras. Ele explicou que a magnitude desses eventos geralmente varia entre 1,5 e 1,8, valores suficientes para serem detectados pelos sensores sísmicos, e em raros casos, percebidos pelas pessoas. No entanto, ele destacou a diferença fundamental entre esses eventos e os tremores naturais, tanto em termos de profundidade quanto de intensidade. "Não foi um evento natural", afirmou o geofísico, ao afirmar que a detonação pode produzir vibrações que lembram tremores naturais, mas com características distintas.

O Laboratório de Sismologia da UFRN, que realiza monitoramento contínuo na região há mais de três meses, já tem parceria com a Defesa Civil para o envio de dados sísmicos em tempo real para o centro de monitoramento localizado em Natal. Apesar do ocorrido, o laboratório reforçou que até o momento não havia sido registrado nenhum tremor natural na região de Currais Novos. "O acompanhamento técnico é fundamental, principalmente devido à constante retirada de material pelas mineradoras e a presença de falhas geológicas adormecidas", destacou Eduardo.

Embora o evento em Currais Novos não tenha sido um tremor natural, o especialista alertou para o fato de que, em outras regiões do Brasil, como na Bahia, tremores de magnitudes superiores a 3.0 já causaram danos estruturais em áreas próximas a atividades mineradoras. A situação, portanto, exige uma vigilância constante, não apenas para prevenir eventuais acidentes, mas também para entender melhor os impactos das atividades industriais no comportamento do solo.

A UFRN, por meio de seu Laboratório de Sismologia, conta com mais de 40 estações de monitoramento espalhadas pelo Nordeste do Brasil e integra a Rede Sismográfica Brasileira. Além do trabalho de monitoramento sísmico, o laboratório realiza atividades educativas e desenvolve mapas de risco, colaborando com a Defesa Civil e outras entidades para mitigar os impactos de eventos sísmicos e fornecer informações cruciais para a segurança das populações.

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