Vivemos tempos em que a interpretação dos fatos, muitas vezes, ultrapassa a realidade. As redes sociais, a polarização e o desejo de alimentar narrativas convenientes fazem com que simples gestos ou encontros públicos ganhem proporções distorcidas. A aparição pública de dois adversários, por exemplo, não significa, de forma alguma, que estejam juntos politicamente. Esse tipo de imaginação fértil é comum na cabeça de opositores que tentam enxergar alianças onde só existe respeito institucional ou diálogo democrático.
No campo político, é natural — e até necessário — que haja diálogo entre os diferentes. Isso não é sinal de fraqueza, mas de maturidade institucional. Democracia se constrói com pluralidade, com confronto de ideias, mas também com a disposição de ouvir, debater e encontrar caminhos em comum para o bem coletivo.
Na política, como na vida, é preciso estar atento às frustrações e decepções, pois nem tudo sai como se espera. O essencial é manter a honestidade consigo mesmo e com os outros, sem ceder às pressões de narrativas rasas ou ao desejo de alimentar intrigas.
Adversários podem divergir, disputar e até criticar duramente uns aos outros — isso é saudável em qualquer democracia. Mas adversários não precisam, nem devem, ser transformados em inimigos. Na política, pode haver adversários. O que não pode haver, jamais, são entrigas movidas por ressentimentos, vaidades ou desinformação.
O Brasil precisa de líderes e cidadãos comprometidos com a verdade, com o diálogo e com a responsabilidade pública. O debate político deve ser firme, mas civilizado. Porque quem respeita a democracia, respeita também quem pensa diferente.
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