
Não sei o que passa na cabeça de político. Impressionante como, em época de campanha, muitos correm para dizer que não vão disputar a reeleição. É quase como se isso fosse uma virtude, um sinal de humildade, de que estão ali apenas para “cumprir uma missão”. Mas, basta sentar naquela cadeira macia do poder, sentir o cheiro do gabinete e o gosto da caneta que assina tudo, e o discurso muda.
Veja o que disse o presidente Lula. Em 2022, antes de ser eleito, declarou:
"2022
O Petista afirma querer governar o país por quatro anos para deixá-lo “tinindo” e que gente nova vai disputar as eleições 2026.
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O pré-candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta sexta-feira (1º) que não assumiria o cargo pensando em reeleição caso vença o pleito em outubro. Ele indicou que não disputaria um eventual quarto mandato nas eleições de 2026.
Palavras bonitas. Soou como alguém consciente dos próprios limites, alguém que estava ali para passar o bastão, abrir espaço para novas lideranças. Um discurso que, se fosse seguido à risca, mostraria grandeza. Mas o tempo passou, e agora, em 2025, eis que ele surge novamente com outra fala:
Veja o que ele fala agora:
"Quem quiser ganhar de mim vai ter que andar mais do que eu na rua."
Ué, não era o mesmo que dizia que precisava ter consciência, que não podia mentir nem para si mesmo? Pois é. Parece que a consciência política, às vezes, é seletiva. Quando a cadeira do Planalto esquenta, a convicção esfria.
Não se trata apenas de Lula. Essa é uma prática comum entre políticos de todos os espectros. A tal promessa de não disputar reeleição parece mais uma estratégia de campanha do que um compromisso verdadeiro. Porque, no fundo, poucos querem largar o osso. E quem já sentou no trono sabe que sair de lá não é tão fácil quanto parece — ainda mais quando o ego e o poder entram na equação.
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