A Federação dos Municípios do Rio Grande do Norte (FEMURN), entidade historicamente voltada à defesa dos interesses municipalistas, tem vivido uma transformação preocupante sob a presidência do ex-prefeito Babá Pereira. Longe de priorizar pautas técnicas ou institucionais, a FEMURN tornou-se, na prática, um braço político a serviço de projetos eleitorais, com foco declarado na disputa pelo Senado Federal em 2026.
Babá Pereira, que assumiu a presidência com discurso de fortalecimento do municipalismo, tem utilizado a estrutura da entidade para impulsionar sua visibilidade em eventos, redes sociais e articulações políticas nos bastidores. Segundo interlocutores, o ex-prefeito tem marcado presença constante em agendas que pouco têm a ver com as demandas dos municípios, mas muito com a construção de alianças para sua candidatura.
O uso da FEMURN como plataforma eleitoral levanta questionamentos entre gestores municipais e observadores da cena política potiguar. A federação, que deveria atuar como interlocutora legítima entre os municípios e os governos estadual e federal, estaria sendo esvaziada de seu papel institucional em troca de protagonismo individual.
“O que vemos hoje é uma instrumentalização política da entidade. A pauta municipalista perdeu espaço para estratégias pessoais. Isso enfraquece a luta dos municípios e compromete a credibilidade da FEMURN”, afirmou, sob anonimato, um prefeito filiado à federação.
Apesar das críticas, Babá Pereira segue firme em seu projeto, ampliando sua atuação no interior do estado e estreitando laços com lideranças partidárias. A proximidade com figuras influentes da oposição estadual também reforça a leitura de que a FEMURN passou a operar como uma extensão de sua pré-campanha.
A politização da entidade, contudo, acende um alerta sobre os rumos do municipalismo no Rio Grande do Norte. Com a agenda institucional relegada a segundo plano, prefeitos e prefeitas enfrentam dificuldades para encontrar apoio técnico e político em temas essenciais como financiamento, saúde, educação e infraestrutura.
Caso essa tendência se consolide, a FEMURN corre o risco de perder sua relevância como fórum legítimo de representação dos interesses municipais — tornando-se apenas mais um ator nas disputas eleitorais do estado.

0 Comentários