Com os direitos políticos suspensos pelo Senado, o ex-presidente Fernando Collor deixou Brasília e voltou para seu reduto eleitoral, Maceió. Em 5 de janeiro de 1993, ele foi recebido por simpatizantes no aeroporto da cidade.
A Folha revelou à época que o comandante da PM, Newton Rocha, exigiu que soldados e oficiais de folga, vestidos à paisana e, se possível, com parentes, recepcionassem Collor.
Cem ônibus foram fretados pela polícia para transportar os manifestantes. O Estado era governador pelo aliado Geraldo Bulhões (PSC).
A PM alagoana, que também reprimiu um ato anti-Collor no aeroporto, disse desconhecer a convocação.
O caso revoltou o então deputado federal Jaques Wagner (PT-BA), que entrou com representação na Procuradoria-Geral da República contra o chefe da PM. Anos depois, Wagner deixaria a Casa Civil de Dilma Rousseff para dar espaço a uma malsucedida tentativa de fazer o ex-presidente Lula ministro da pasta.
Também estaria no Palácio da Alvorada para ver o discurso de Dilma pós-cassação.
Enquanto o novo presidente, Itamar Franco, tentava aprovar um ajuste fiscal para debelar a crise econômica, Collor descansava.
Em 7 de janeiro, o ex-presidente passou o dia na praia da Saudade, no litoral alagoano, com a ex-primeira-dama Rosane e amigos. A casa em que ele se hospedava era protegida por policiais militares.
A Casa da Dinda, propriedade privada que fora transformada em residência oficial, perdeu não apenas seus seguranças, mas também TVs, videocassete, móveis e o computador e impressora usados por Collor na preparação de seu discurso final.
Este texto, na verdade um “Enquanto isso, em 1993”, encerra a série “Enquanto isso, em 1992”, que mostrou detalhes do processo de impeachment contra Fernando Collor, buscando comparar com momentos equivalentes no caso de Dilma Rousseff.
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