Tancredo Neves: o presidente que não assumiu

Depois de 20 anos sob a ditadura militar, Tancredo Neves era apontado por boa parte dos brasileiros como o homem certo para assumir a presidência da República. Com apoio popular, foi eleito por um Colégio Eleitoral, o primeiro presidente civil em muito tempo. Mas morreu antes de tomar posse, em 21 de abril de 1985.

Trinta e dois anos depois, a morte de Tancredo ainda é entendida como um enigma entre rio-pretenses. Dois sentimentos se destacam: tristeza e desconfiança. O primeiro é baseado no que ele poderia ter feito como presidente. "Foi lamentável a morte, pois poderia fazer um bom governo. Acompanhei toda a doença e fiquei sabendo da morte pela televisão";.

"Ele poderia ter ajudado a mudar o País. Foi uma pena ter morrido cedo. Com certeza teria sido um bom presidente,". 

A posse de Tancredo seria em 15 de março, mas ele precisou ser internado um dia antes. José Sarney, o vice, assumiu a presidência. A divulgação inicial dizia que se tratava de diverticulite. Mas, soube-se depois, o presidente eleito passou por cirurgia para retirar um tumor (leiomioma).

Foram 38 dias internado até a morte, passando por sete cirurgias. Oficialmente, morreu por infecção generalizada. Mas as informações oficiais, ainda hoje, não convencem parte da população. Muita gente acredita que a causa da morte não foi natural. "O cara faz a campanha que fez e, no dia da posse, fica doente?  Muito estranho.

Acredita-se em execução", "Penso que forças políticas o executaram. Eu acreditava nele e no seu governo".

Meus pais e familiares ficaram muito tristes. Não compreendia bem na época. Só quando cresci que fui entender os motivos." O comerciante Wagner Barreto, 37, também era criança naquela data. Mas lembra da reação dos familiares. "Todo mundo achou que foi um golpe para os militares voltarem ao poder. As circunstâncias geraram muitas suspeitas.

A expectativa era muito positiva sobre o governo dele." História Muita gente acompanhou, em frente ao hospital, a situação de saúde de Tancredo. No dia do anúncio da morte, milhares de pessoas se reuniram no Instituto do Coração do Hospital das Clínicas, em São Paulo. O clima foi de comoção geral. Uma edição extra do Diário, com oito páginas, foi publicada no dia 22 de abril de 1985 - uma segunda-feira - com reportagens especiais sobre a morte e sua repercussão. Nas duas semanas anteriores, a equipe do jornal já vinha trabalhando na produção daquela edição, inclusive os fotolitos (espécie de filme transparente) com duas fotos do rosto do presidente.

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